segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Oferta e Procura

O que nos faz humanos são, exatamente, nossas vontades. É o querer que faz com que a humanidade evolua. Aliás, se você pensar por um instante no cerne do capitalismo, verá que ele é movido à base da ganância. Que não é nada mais do que o querer compulsivo do ser humano.

Nos nossos dias, o querer está atrelado ao sucesso: quanto mais você tem coisas que os outros querem, mais valioso é o fruto do seu trabalho. Isso faz com que cada pessoa nesse mundo procure executar algo que outras pessoas precisem. Trabalhamos para entregar nossos conhecimentos, habilidades, tempo ou talento para outras pessoas que pagam por eles.

Portanto, é a procura por algum produto ou serviço, que determina o seu valor.

Acho que os filmes "Tropa de Elite" deixaram bem clara essa relação: só existe o tráfico, por exemplo, porque existe quem queira comprar drogas.

E não sejamos hipócritas. Tem muita gente por aí que procura drogas para usar, em todas as camadas sociais. Assim como tem gente que procura prostituição, animais silvestres, álcool e as mais diversas gamas de produtos proibidos, mundo a fora.

Claro que, se o produto ou serviço é proibido, mas possui procura, logo existirão pessoas que suprirão esse nicho. Os mercados negros estão espalhados pelo mundo inteiro.

Na versão on-line do DiabloII, jogadores vendiam entre si itens desse jogo, com dinheiro real, contra as regras da própria Blizzard. Evidentemente que, apesar de ser ilegal, o comércio prosperou. Enquanto existissem idiotas jogadores dispostos a pagar dinheiro de verdade por um item, haveria quem jogasse um dias e mais dias para obtê-lo e vendê-lo a preço de ouro.

Então a Blizzard lança o DiabloIII e sua casa de leilões. Essa casa de leilões oficializou o mercado negro dos itens por dinheiro. Hoje, qualquer um pode comprar ou vender itens por dinheiro de verdade. Procuras e ofertas devidamente sanadas, com uma taxa de administração para a casa de leilões. Todos dentro da lei, todos taxados mas, principalmente, todos felizes por adquirirem o que mais desejam.

Compradores têm seus itens para se divertirem mais no jogo.
Vendedores têm dinheiro.
A Blizzard têm, em uma só ação, jogadores mais felizes e jogadores remunerados pelo jogo.

Nessa última semana, inclusive, o jogador WishboneTheDog colocou printScreens mostrando que já fez mais de dez mil dólares líquidos, só comprando e vendendo itens na casa de leilão do DiabloIII. 

Essa notícia ia virar só mais um twitt, mas ela é importante porque mostra, exatamente, o que acontece quando os mercados ilegais são trazidos à legalidade. Jogadores compulsivos continuam perdendo suas vidas no brinquedo virtual. Outros jogadores, aliciam outros possíveis jogadores, só para terem mais mercado. Há os jogadores-mula, que só buscam por itens. Os jogadores-traficantes, que compram e vendem. Toda uma estrutura montada em torno do vício virtual. Mas uma estrutura legal. Onde eles estão fazendo parte da economia, pagando impostos e - até mesmo - ganhando a vida com alguma dignidade.

Eu ainda acho que esse é o caminho para os mercados ilegais, no Brasil. Drogas, sexo, remédios... Basta que sejam legalizados, que só o peso dos tributos já regularizariam o comércio. Aliás, enquanto comerciantes, os hoje traficantes não poderiam utilizarem-se de armas, vinganças e guerras urbanas.

Com a devida regulamentação, todo o dinheiro que é movimentado pela indústria da droga (que não é pouco) seria taxada, revertendo-se em arrecadação de impostos para sustentar nosso país.

Isso sem falar - é claro - em todos os outros comércios e prestações de serviços que estão na ilegalidade, hoje, no Brasil.


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